Vegas: amor e jogo

Vegas seduz pelos grandes cassinos, pelas roletas, caça níqueis, carteados, dentre tantos outros jogos. Tudo muito grandioso, glamoroso, iluminado, fantasioso…Mas também há o lado romântico, com os famosos casamentos “fake”. Não se esqueçam ainda do ditado: o que se faz em Vegas, fica em Vegas…E o que me interessou foi exatamente este ângulo: os casamentos, o amor, a volúpia de se casar em uma cidade montada sobre a fantasia, o sonho de se tornar rico ou apenas a vontade de se divertir livremente, sem nenhuma preocupação, a não ser a de se deixar levar pelas apostas, pelo jogo ou pelo encanto de se casar sem compromisso legal.  Talvez este seja o verdadeiro sentido de se casar. Quando duas pessoas se unem, por óbvio que devem se pautar pelo amor, pelo interesse em comum, pelas afinidades e objetivos a se conquistar, sem contar da bendita frase que povoa a cabeça dos nubentes de serem “felizes para sempre”… Entretanto, como se sabe, o tempo vem na contramão deste universo: há o desgaste da relação que nem sempre se renova e acaba por ruir justamente porque desoxigena, torna-se pesada, perde o brilho e por não ter mais aqueles ares de novidade, enferruja e acaba, ou se arrasta, quando não se tem coragem de tomar a iniciativa de por um ponto final…E o que Vegas tem com isso? Trazendo o amor para o jogo, ou observando o jogo do amor, onde, como em toda competição, há um perde/ganha contínuo, a caça do gato e rato em que se alternam os amantes e, com isso, a ruptura do pacto inspirado pelo amor que se transforma em posse, domínio, ciúme, tingindo de desgosto o que se iniciou pelo gosto. Assim, trazer a diversão para este jogo é fundamental para sua manutenção. Quando o parceiro ou parceira se diverte ou diverte o outro, a relação se torna bem mais leve, agradável, possível…E se o compromisso for apenas com a pessoa amada, sem ter de prestar contas à família, às instituições, à sociedade, o enlace é ainda melhor. Estar ao lado da pessoa que ama, ou que um dia amou, mas com quem ainda se sente bem, simples assim, é o que verdadeiramente importa. Não há necessidade de se enrolar em discussões intermináveis, nas famosas “dr”, as quais, muitas vezes,  não se chega a lugar algum. Um mínimo de respeito, de consideração, sem a obrigatoriedade de promessas que já nascem com grande possibilidade de não se cumprir, porque dependem de tantos eventos futuros e incertos, tantos fatores externos, que não resistirão a carimbos, papéis, pressões sociais para serem mantidas, o melhor de tudo é apenas apostar no agora, no “ficar”, em desfrutar da brincadeira, em não levar a vida tão a sério, sorrir, rir, gargalhar …A liberdade que se prega em Vegas, seja quanto aos jogos, em que se pode ter ou não sorte, cabendo a você, ninguém mais, responsabilizar-se pelos seus atos, seja quanto aos casamentos,  em que casar é apenas unir, mediante uma cerimônia que dura para aquele instante e vale só para aquele lugar,  é, a meu ver, de fato, inspirador e me faz repensar, qual casamento que efetivamente tem o selo de validade. É isso.


4 comentários em “Vegas: amor e jogo”

  1. Ana Cris disse:

    Perfeito e lúcido. Amei 😊

    1. Pratyahara disse:

      O amor, em suas múltiplas formas, em suas múltiplas fases, enfim, constante, mas, sobretudo, adaptável à inconstância da vida, sempre vale a pena Ana. Obrigado pelo comentário! Beijooo!

  2. Marcelo M Polimeno disse:

    Impressionante como você consegue expressar uma situação em palavras escritas….
    Las Vegas seria o nosso carnaval brasileiro! Aproxima pessoas, diverte e reforça laços.
    Li e reli esse texto!
    Ótimo!!!
    Parabéns!

    1. Pratyahara disse:

      Obrigado Marcelo, pelo comentário! Que bom que você gostou! Sinto lisonjeado com seu elogio!

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