Somos poucos, somos muitos, somos vermelhos, marcados ou não… somos parecidos, diferentes… Depende do seu olhar, do seu interesse, da sua fome…Somos verdes ou maduros, desejáveis ou rejeitados. Somos apetitosos, azedos, passados…Damos água na boca, com pele ou sem, ou ainda, produzimos asco… O que vale dizer é que de longe somos todos iguais, mas, de perto, quando apalpados, há diferenças, saliências, cheiros…Somente a quem interessa é que revelamos o nosso sabor, sem nem nos importar em ficarmos vermelhos de vergonha. Amontoados assim, difícil ver diferenças, mas de perto, dentro da boca e perto dos olhos, na palma da mão, hmmm… Sozinhos, no meio do prato, pronto para o corte, fatiados sob o azeite e o tempero do sal, deixamos de ser apenas tomates vermelhos. Da banca da feira, indiferentes, passamos a estrelar uma noite de lua cheia, repleta de histórias, uma salada de temperos e cheiros, sabores sob línguas cautelosas, que não querem perder um só detalhe, seja da pele, seja das sementes, seja da polpa…E o prato principal pode acabar ali, sem ser tocado, porque, a entrada levou o tempo todo e absorveu a noite que nem precisou de mais nada para degustar…Ahhhh…

(foto by: Ricardo Varea)