A deusa Mayã

Deusa das ilusões, dos sentidos, estamos muito ligados a ela. Geralmente o que move o mundo, as ilusões, os sonhos, em luta ferrenha com a realidade física, material… Estamos nesta busca, do prazer, da beleza, do encanto, da satisfação, do poder, enfim, de triunfarmos sobre as dificuldades mundanas. Queremos viver, viver intensamente, sem pensar muito no amanhã, apenas no aqui e agora, ignorando consequências, probabilidades, possibilidades. Súditos incontestes da deusa Maya, atraídos pelo seu encanto, esquecemos da plenitude que não se coaduna com os princípios da deusa que alimenta o ego, as paixões, o individualismo para, no final, brindar com a taça da frustração e da desilusão, pois, quem tira os pés do chão e flutua sobre o véu de Maya, ao retornar, ao cair, sente a frieza da realidade escancarada e o sorriso da deusa a lhe cantarolar: você perdeu, terá de começar tudo de novo… Não que devemos ignorar nossos sonhos, mas, é preciso, descartar as desilusões que muitas vezes neles se impregnam, senão o resultado é a mais absoluta angústia de termos perdido tanto tempo e energia em algo que nos seduziu apenas pelo ego de ter, de poder, de mostrar, sem conexão com sua essência. Deusa Maya, ela nos alimenta nossas ilusões com um toque de veneno no final do cálice. Por mais doce que seja, no final, o amargor nos adverte: não deveríamos ter bebido…


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