Uma das maiores vantagens que existe no fato de se ter barba, para mim, é o fato de ela crescer paulatinamente, dia-a-dia. Eu não sou um indivíduo com aquela barba fechada, maravilhosa, chamativa, comprida, nunca tive isso, apenas invejo quem tem e a esnoba. Contudo, agora, depois de velho, consigo superar a coceira da primeira fase e deixo ela crescer um pouco mais. E, como já disse alhures, tenho aprendido muito com a minha barba. Primeiramente, quando a gente deixa o rosto limpo, para mim é uma fase nova, um fato novo a enfrentar, uma novidade que está por vir. A cada dia em que os pelos começam a crescer, é a forma pela qual este fato se dá e como o enfrentamos. Depois de alguns dias de crescimento, começa a coceira, o embate, pelo menos para mim, é terrível. A gente coça, coça e tem vontade de tirar, chega a ser insuportável. Fico mais feio, porque estou justamente no meio do caminho. Se consigo superar isso, vem a segunda fase, a do rosto mais maduro (ainda mais no meu caso em que há muitos fios brancos!), depois da guerra, da conquista e aí sim vem a admiração de ter superado, vencido, alcançado um novo visual de homem amadurecido, que para alguns/algumas, feio, para outros/outras, bonito, charmoso… para mim, vencedor, nada mais. Passada certa temporada, começa a enjoar aquele rosto tingido de barba rala e grisalha… daí é hora de renovar, enfrentar outra batalha, ou não. Então lá vão os pelos pela pia, despedindo-se e a gente dá a cara para bater, renovada, ardida com a loção pós-barba, pronto para outra. E assim se segue, aprendendo com paciência de que nada que se é muito importante deve ser resolvido com rapidez. Aos poucos, o rosto começa a sorrir de novo, com mais um crescimento, uma situação nova a encarar. A vida é assim, acho. É isso.