A lua
- 27 de agosto de 2021
Vejo a lua caminhando no céu e já varando a madrugada. Sozinha, esconde-se entre as nuvens frias, a embaçar-lhe a visão. Assiste, lá de cima, as cabeças pensantes e as ideias em flâmulas chamejantes que iluminam pequenos pontos: são pontos de luz que competem com as estrelas solitárias que lhes aproveitam a luminosidade. Fósforos acesos. E todos festejam na escuridão do céu com a lua a orquestrar os pensamentos que sobem e descem pelos telhados das casas e dos prédios e fazem um ninho nos travesseiros. Afundam no branco da fronha. De volta à lua, que não míngua e é cheia, segue em sua caminhada noite adentro e com seu trabalho árduo de recolher o frenesi mental para entregá-los comestíveis no café da manhã, não antes de triturá-los na madrugada e também colocá-los na torradeira, para que se comportem e se amoldem, aproveitando-se do silêncio e da surdina para serem retirados da cadeira elétrica e, assim, ficarem palatáveis ao raiar do dia. Famintos já para uma nova noite de núpcias com a lua, a qual, como uma aranha, vai tecendo a teia de pensamentos, ligando-os uns aos outros e formando um arabesco sem fim, retomando o serviço noite inteira, até acabar, vigilante, solitária, ouvindo muda o que as cabeças têm a lhe segredar…
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