Eu rio do peixe que se afoga por não saber nadar no rio… ou no mar.

Na verdade, eu rio de mim, porque me sinto como um peixe que nada, nada, nada e… nada! É engraçado a falta do ar para quem é da água. Procuro o ar, mas no fundo do mar eu sei que ele não é necessário, não faz falta nenhuma, não há falta de ar, esta é apenas uma criação da minha cabeça. Sim, porque eu sei nadar, como um peixe que sou, e só me afogo, no entanto, quando esqueço que não preciso de ar, para isso tenho as guelras para respirar. Para que o ar? Afogo-me, isso sim, quando saio da água e ensaio andar na terra, como os anfíbios, ah, isso eu não sou mesmo, não tenho esta proeza de saber me comportar na terra e na água…acabo me afogando numa e noutra. Meu sonho sempre foi ser um anfíbio: sabem tudo!. Eu me afogo quando me vem o ar em plenos pulmões: sou da água, caramba! E é daí que me vem a risada: o coitado de um peixe que se afoga na água ao pensar que precisa de ar: que nada, que nada mesmo! Ora, que se afogar que nada! Eu penso: você não precisa de nada para se afogar na água se for mesmo um peixe. Eis aí a questão: você é mesmo um peixe, ou não? É lógico que não é um peixe, se não, jamais se afogaria! E com isso, eu não disse nada, nada, nada demais. De novo o nada. E a gente nada, nada muito, e no fim, acaba morrendo na praia. De nada adiantou. Isso que dá ficar filosofando e brincando com as palavras: um peixe sempre morre pela boca!